segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sobre o Cineclube Sesi


Entrevista de Miguel Haoni cedida à Daniela Hendler no dia 28 de abril de 2013, sobre o Cineclube Sesi.

1.       Antes de tudo, seu nome completo e qual o seu cargo no Sesi.
Miguel Haoni Batista. Presto serviço pro Sesi através da coordenação do Cineclube.

2.       Como surgiu o Cineclube?
Os cineclubes  (Sede e Portão) são resultado de várias necessidades: Primeiro as do Sesi, mais especificamente das Gerências de Cultura e Educação de dinamizar seus auditórios (que são sensacionais), desenvolver atividades de cinema e ampliar a interação com a comunidade curitibana. O Cineclube é uma canal valioso de contato entre o projeto do Serviço Social da Indústria e a cidade. 
Depois tem as demandas que eu trago da minha vivência como cineclubista e como membro do Coletivo Atalante: a necessidade da consolidação de um espaço permanente de trocas em torno do cinema, o desenvolvimento de um grupo de estudos sob a bandeira cinéfila, e mais especificamente um compromisso de gratidão com a "musa" Cinema (que me deu tudo o que tenho e sou até hoje) e político, com esta terra que me acolheu. O que eu puder dividir do que eu estudo sobre cinema, dividirei, e o Cineclube é o melhor canal pra isso.
Por último, acredito que exista uma necessidade do próprio cenário cultural curitibano por mais espaços de troca e interação em torno das artes. O cinema aqui circula até bem, mas existem pouquíssimos espaços que viabilizem o olho no olho, o que é elementar na construção de uma comunidade sensível.

3.       Qual o diferencial de assistir um filme em casa no computador, ou no Cineclube? 
Primeiro tem uma diferença técnica: a qualidade das salas e da projeção de imagem e som afetam muito a apreciação. Ser absorvido pela tela grande e assistir o filme, meio que compulsoriamente, na sua duração integral, respeitando o tempo dos planos e da montagem, faz toda diferença. Depois tem mais a conversa, com sua dupla função: a de curso livre de cinema, que no nosso caso tem um projeto pedagógico bem claro (análise de filme, educação do olhar, política dos autores) e de fórum de debates, com todo mundo trocando impressões sobre as obras, numa construção democrática do conhecimento. A diferença entre as duas experiências é total, como diz um velho amigo, o Prof° Felipe Cruz, consumir filmes individualmente "é como poder transar e insistir na masturbação". É delicioso mas não gera nada.

4.       A quem o Cineclube quer atingir/atinge? 
A todos que tem interesse por arte e cinema. Mas particularmente, gosto de trabalhar com quem tem pouca base no assunto. A troca é mais confrontante e eficaz. Dois grupos, entretanto, despontaram no primeiro ano como majoritários no cineclube: idosos e universitários. Para nossa sorte, duas experiências de mundo valiosíssimas pros debates.

5.       Como você escolhe os filmes que serão exibidos?
Em primeiro lugar, acho que como pra qualquer curadoria, tem o critério afetivo. Eu amo todos os filmes que programo. Ou pelo menos amo os problemas que os filmes propõem. Esse amor porém é aquele de que fala o Jean Douchet: "A crítica é a arte de amar. Ela é o fruto de uma paixão que não se deixa devorar por si mesma, mas aspira ao controle de uma vigilante lucidez. Ela consiste em uma pesquisa incansável da harmonia no interior da dupla paixão-lucidez.". Nesse sentido, o critério crítico é o da experimentação estética, o da ousadia e do lirismo. Os filmes exibidos nos Cineclubes Sesi são sempre resultado da manipulação criativa das imagens em movimento, cada um à sua maneira.

6.       Qual o material que você entrega para as pessoas que vão assistir os filmes?
O ideal é que fosse sempre um texto inédito, de produção exclusiva para os cineclubes. Mas como eu sou muito pouco habilidoso com a escrita, costumo levar críticas e artigos que aprofundem as reflexões sobre os filmes. Uma das nossas maiores fontes é a Revista Contracampo que sempre tem materiais interessantes sobre filmes novos e velhos.

7.       Qualquer outra informação adicional será bem vinda, assim como o horário e local para as próximas sessões.
O Cineclube Sesi funciona toda quinta-feira às 19h30 na Sala Multiartes do Sistema Fiep (Av. Cândido de Abreu, 200, Centro Cívico). O Cineclube Sesi Portão volta em agosto e rola quinzenalmente às quartas feiras, 19h30 na Rua Padre Leonardo Nunes, 180 – entrada pela rua lateral Rua Álvaro Vardânega.
Entrada e conversa franca.


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